Disclaimer: Nenhum dos personagens citados na fanfic me pertence. Tom Riddle e Ariana Dumbledore são propriedade da diva J.K. Rowling.

Obs. Essa fanfic é uma realidade alternativa em que a irmã de Dumbledore não morreu.


Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?

(Eduardo e Mônica – Legião Urbana)


Ariana sorria. E de todas as suas características era o sorriso dela que Tom mais amava odiar.

Ele não soube quando percebeu, mas o sorriso dela era azul como a cor de seus olhos. Azul como a fita que ela ainda carregava em seus cabelos. A cor que ele jamais saberia ser, mas que desejava possuir em seu egoísmo natural. Desejava, pois sonhar era nobre demais para o jovem vilão.

Naquele primeiro de setembro Ariana sorria carregando traços da infância que nunca soube abandonar. Sem se importar com a presença do irmão mais velho. E sorridente caminhava para formar as amizades que definiriam sua vida (e sua morte).

E foi assim ao acaso que o azul-céu invadiu a vida do jovem Tom Riddle.

- Posso ficar nesta cabine? – perguntou docemente a garota, doce como deveriam ser os algodões do céu.

E querendo recusar Tom aceitou. Talvez ela pudesse pintar sua vida sem cores. Pois o céu não tem tamanho.

- Meu nome é Ariana Dumbledore. E o seu?

Ele conhecia aquele sobrenome, e sabia de onde. Apenas não conhecia a garota que, sem timidez, carregava em forma de fita nos cabelos dourados a criança que sempre seria.

- Tom Riddle – com desgosto anunciou seu nome.

Todas as suas atitudes eram o oposto de Ariana. Ele era o preto no branco, a maldade coberta de mentiras. Ela era todos os tons de um dia ensolarado, todos os tons de sincera felicidade. E era, sobretudo, o azul do céu – sem explicação, feito somente para admirar, para amar. Feito para inspirar poesias. Azul que fora pintado nos olhos dela.

Entre diálogos quase-mudos formou-se o começo da amizade colorida. Um erro do destino, pois a vida de Ariana era somente um acaso.

Tom odiava todas as cores que se abriam sob os passos da garota. Odiava seu sorriso, porque a alegria alheia o irritava. Mas não soube evitar sua presença, não soube evitar o diálogo entre duas crianças que tinham em comum a ansiedade por um mundo de magia.

Casas, quadribol, feitiços, professores. Tudo ela lhe contou. O mundo de uma garota que conhecia Hogwarts todo verão através da presença dos irmãos. Que pintava o castelo em seus sonhos e suas primeiras telas.

Juntos vislumbraram as luzes do castelo sob o céu estrelado. Um tom de azul que Ariana aprenderia a ser: o azul-noite. Azul manchado de negro. Era então Ariana na companhia de Tom.

Tudo poderia acabar onde começou; separados pelo chapéu seletor. Ela Gryffindor. Ele Slytherin. Deveriam ser apenas desconhecidos de mundos paralelos. Entretanto, foi a distância que os uniu.

Mesmo odiando os sorrisos azuis, e não aprovando a fita que Ariana não sabia abandonar, Tom Riddle aprendeu a provar o estranho sabor da felicidade ao lado da jovem Gryffindor. Receoso provava aos poucos da felicidade inocente demais para o garoto que somente sabia sorrir diante de suas maldades cometidas.

E, afinal, não havia sentido naquela estranha amizade colorida. Não havia motivos para aquele confuso sentimento, que brotou numa tarde ensolarada de setembro para nunca morrer.

Guerras viriam pelas mãos tiranas dele, obras de arte nasceriam da ponta dos delicados dedos dela. Viviam de opostos que nem a física explicaria.

E mesmo quando o coração dela parou de bater, uma triste escolha por não conseguir ver o que sempre esteve diante de si, o sentimento ainda habitaria o coração de pedra do vilão. Num bagunçado ateliê, entre tintas e sangue destacava-se a fita azul que ele escolheu levar consigo nas guerras sem causa que apenas começavam.

E quando sobre as ruínas de um castelo finalmente o corpo do velho Tom caísse, a fita azul seria levada pelo vento. Seria levada para o céu, para Ariana talvez. Azul no azul. Pois como não se vive para sempre também não é possível ter os tons do céu só para si.

Ela era o seu pedaço de sincera felicidade.

Ele era o seu pedaço de pura maldade.

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4 Responses so far.

  1. Caroline says:

    Primeiro, gostei layout do seu blog. Sobre o texto, totalmente sem palavras. Muito muito bom. Nunca imaginei Tom e Ariana juntos, uma combinação interessante. Passagens que gostei:
    [...] Pois o céu não tem tamanho. [...]


    [...] Pois como não se vive para sempre também não é possível ter os tons do céu só para si.
    Ela era o seu pedaço de sincera felicidade.
    Ele era o seu pedaço de pura maldade. [...]

  2. Que lindo você escrevendo sobre as cores, e ainda mais lindo ter o azul como protagonista.

    Também adorei a metáfora construída em cima do azul-noite, ainda que eu o conheça como azul meia-noite.

    E Tom/Ariana é, e sempre será, um dos shippers mais bonitos.

  3. Me perdi tanto no conto que até esqueci de comentar que não gostei muito da citação.
    Ainda que eu não seja um dos maiores fãs de Renato Russo ou Legão, acho que separar os versos iniciais de Eduardo e Mônica é um pecado quase tão grande quanto seria separar o casal-titulo.

  4. Unknown says:

    Ok, acho que preciso ganhar o hábito de responder os comentários em vez de ficar aqui só sorrindo bobamente quando alguém comenta algo. *-*

    A fic foi escrita para um challenge de cores e o trecho da música era a linha de inspiração, aí quando repostei aqui não consegui separar. ^^ mas fico feliz que alguém comente também o que não gostou.

    E obrigada (pelos comentários nos outros textos também)! *o*

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