Olhe!

Observe, lá vem a pequena sonhadora com um sorriso nos lábios e olhar distraído!

Sim, pequena, pois é apenas mais uma a caminhar sobre estas calçadas históricas do centro da cidade. Seus sonhos, no entanto, abraçam o mundo e ousam ir além.

Não está atenta aos criminosos ou aos crimes, também ignora possíveis acidentes. Pensa ser imune a qualquer ataque, a qualquer doença. “Quem afinal roubaria uma louca?” ela mesma pensa. Uma garota qualquer, que usa aquele velho par de tênis surrados, que carrega nos braços um exemplar de Alice no país das maravilhas.

Mas repara bem: é uma garota coberta de estrelas. Cada uma das estrelas é um sonho, cada uma é um mundo para visitar.

E agradeça por não ler seus pensamentos. Há naquela mente sonhos demais para alguém que não pertence à infância. Há sonhos estranhos para quem não pensa como criança. Há sonhos ambiciosos para quem não ousa acreditar no impossível.

Pequena sonhadora. Ela não admira beleza, não admira olhos e lábios. Admira a essência, os olhares e os sorrisos ou a ausência deles. Em sua forma humana ela é apenas um punhado de estrelas e palavras a andar por esta selva de pedra.

A sonhadora sorri. Seus olhos distraídos localizaram a essência de outra criança, a inocência repleta de sonhos. Pois para acreditar em seus sonhos é preciso guardar em si imortais pedaços de infância.

Ela é uma pequena sonhadora. Seus olhos desatentos dizem que não é ninguém em especial. Mas veja as estrelas sobre ela. Veja o mundo sob seus sonhos.